Sei lá que dia da quarentena

Lembra aquele lance de manter a chama acesa da qual eu falei um texto atrás?
Tem tanta coisa necessária pra manter duas pessoas aquecidas. Tem que ter tanta persistência e paciência, carinho, empatia, maturidade.
Eu acredito que transparência seja a alma do negócio. O negócio que digo, é viver. Acho que a transparência permite leveza e paz. E ser transparente com alguém, pra mim, é imprescindível para que uma relação funcione, seja ela qual for, seja qual for o trato que você e seu parceiro tenham, você e seu amigo, e por aí vai.
Pensando nisso, esse isolamento me fez perceber um tantão de coisa. Como por exemplo, que as pessoas são passageiras. Não digo isso por conta dos divórcios dos famosos que todos comentam. Mas se você olhar um pouquinho a sua volta e falar com seus amigos vai perceber também, às vezes tenha acontecido até mesmo contigo. Uma galera, uma galera grande, não teve paciência de continuar conversando com algumas pessoas.
Às vezes a conversa pode ser muito chata, não no sentido de que você e a outra pessoa não deram “match”, mas a conversa pode ficar chata. Tá todo mundo afastado, carente, sem muito o que fazer, e conversar acaba sendo maçante, o assunto deixa de existir, o contato físico faz tanta falta...
Eu sumi pra muita gente nesse tempo de quarentena. Quando tudo começou, eu tinha plena certeza que iria acabar rapidinho. Agora já perdi a conta de quantos dias eu não piso fora de casa, perdi a conta de quantas vezes chorei na janela, pensando nos meus amigos e até em coisas do meu dia que eu odiava, como pegar lotação em horário de pico, eu odiava todo aquele calor humano, e agora sinto falta, como sinto do carnaval.
Perdi uma galera que fez diferença na minha vida, mas tenho certeza que vou seguir bem sem. Tem também alguns amigos, que costumava conversar diariamente no começo do isolamento, tava tudo muito recente né, então a gente manteve esse contato para matar a saudade, já que agora ela já não podia mais morrer com nossos abraços e beijos. Mas o tempo foi passando, e eu fui ficando sem paciência de conversar online. Só que com esses amigos é diferente. Eles entendem. Eles continuam aqui pra mim, assim como eu continuo perto, mesmo de longe. Eles dizem que eu sumi, mas não estão com raiva. Eles são tão compreensíveis...
Por isso, eu comecei esse texto com todos aqueles adjetivos lá em cima (pode subir, caso tenha esquecido), aquilo tudo é o que a gente precisa pra manter um bom convívio. Às vezes a gente esquece disso. Naquele outro texto, que metaforizei a chama, eu não quis dizer que não acredito no amor romântico. Só quis mostrar que ele precisa de muito mais do que só amor pra funcionar e existir. Tudo pode começar inclusive, com o amor que a gente usou pra amar a si mesmo e a nossos amigos e parentes.
A gente já cobra demais de nós mesmos, não precisamos tornar a vida de outras pessoas mais pesadas e nem mesmo permitir que pesem ainda mais a nossa. Compreensão, transparência, empatia e paciência, só isso que todo mundo precisa, esquecemos isso a.C (antes do Corona) e aposto que não esqueceremos d.C (depois do Corona). :)
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