Um Momento de Coragem
Vou contar a vocês hoje sobre o dia que eu libertei meu coração de tantas concepções que me inibiram durante anos.
Quando eu era mais nova muita coisa foi imposta para mim, coisas como que religião seguir, de quem gostar, como agir, como pensar, o que falar e quando falar. Em algumas áreas da minha vida eu era livre para escolher, mas nunca foram muitas. Acho que me conformei com tudo isso, nunca passei por muitas dificuldades na vida, então que direito de reclamar eu tinha? Me moldei completamente de acordo com as opiniões alheias.
Acreditava que isso acontecia apenas dentro de casa, mas hoje em dia enxergo o estrago que minha vida foi se tornando, não tenho vivido a vida que sonhei porque dentro de casa eu aprendi apenas a obedecer. Esqueceram de me ensinar como expressar ideias, como argumentar, como seguir meus sonhos. Até pouco tempo atrás meus únicos confidentes foram cadernos sem pauta, onde eu pintava tudo o que me vinha em mente, meu refúgio se formava à medida que meu punho dançava sobre o caderno, efetivando todos os meus medos, sonhos, amores e valores.
O fato da entrada e saída de algumas pessoas do aconchego do meu coração foi essencial para eu me dar conta de como a vida acontece. Algumas pessoas me machucaram, outras me amaram tanto que eu não conseguia aceitar o fim, por que tudo que é tão bom tem que acabar?
Quando a gente aceita que eventualmente tudo chega ao fim, o peso dos ombros diminui substancialmente. Todas as brigas que eu tive, todos os sorrisos que já formei no rosto, todas as andanças de cabeça baixa, todos os passeios de mãos dadas. Tudo ensina. E eu entendi. Muitos rostos passaram pela minha caminhada, cada um deles por tempos diferentes, intensidades distintas. Graças a oportunidade de ser agraciada por tais apresentações, foram tantas as divergências que eu percebi. Os finais em sua maioria não foram atrativos, mas me ajudaram a crescer. Percebi que eu acabei desaparecendo em muitos relacionamentos. Copiando a minha inexistência dentro de casa.
É assim que eu quero viver a vida? Na sombra de outras pessoas? A mercê de outrem?
O momento de maior coragem que eu já tive foi quando eu joguei no lixo o roteiro que meus pais escreveram para mim. Não me arrependo nem um pouco da gritaria que aquele dia guarda como lembrança, muitas foram as lágrimas que formavam linhas pelas minhas bochechas. Mas a compensação é grande atualmente, agora eu escrevo minha história em tempo real. Posso não ter a ajuda dos meus pais, mas alcançar a independência foi muito bom. É muito difícil encontrar nossa própria voz, mas essa luta diária não pode cessar.
Agora eu pinto memórias, não ideias.
É assim que quero viver minha vida.
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